Igreja e pastor acusado de traição são investigados por desvio de dinheiro em Joinville
- 06/09/2025
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Acusações ganharam força após traição de pastor ter sido descoberta. Na ocasião, uma pessoa já havia o acusado de estelionato, mas o caso ainda não era investigado
A igreja evangélica Catedral Imagem e Semelhança e o pastor, acusado de traição durante culto em junho deste ano, são alvos de uma investigação policial em Joinville. Eles estão sendo investigados por supostas práticas de estelionato, apropriação indébita e lavagem de dinheiro. Além do evangelizador, a bispa e a família dela também são suspeitos dos crimes.
As possíveis ações criminosas foram denunciadas por membros que acreditam que parte do dinheiro doado para a igreja tenha sido usado em benefício do pastor e da bispa, sem serem encaminhados para o uso da comunidade religiosa. Com isso, o Ministério Público de SC abriu uma Notícia de Fato e pediu que uma investigação fosse iniciada pela Polícia Civil. Agora, o inquérito já foi instaurado.
Como funcionava o esquema, segundo os fiéis denunciantes
As desconfianças do grupo denunciante, ouvido com exclusividade pelo NSC Total, são anteriores ao caso de traição, que prejudicou ainda mais a imagem do pastor. A reportagem conversou com dois fieis sobre como funcionava o esquema, mas não os identificou para garantir a segurança de ambos.
Uma dos fieis começou a congregar na igreja há nove anos. Levada por uma amiga, ficou impressionada pela forma como o pastor falava, com veemência e, aparentemente, propriedade sobre assuntos bíblicos e orientações aos fiéis.
Assim como em toda igreja, os frequentadores costumam doar dinheiro no dízimo. Era o que um dos fiéis entrevistado fazia, 10% da sua renda era direcionada para a igreja. Entretanto, ele ressalta que esta não era a única forma de financiamento do espaço religioso.
Volta e meia, o pastor lançava carnês, chamados de votos, para que os fiéis fizessem doações para compra de itens necessários para a comunidade religiosa. Como exemplo, a entrevistada cita a compra de um ônibus e uma chácara.
— Com esse carnê parece que ele arrecadou cerca de R$ 3 milhões ‘tá?’ Esse dinheiro teria sido utilizado para a compra de um ônibus, só que o ônibus custou apenas R$ 200 mil. O restante do dinheiro, ele reembolsou para o caixa da empresa dele. O foco da igreja na arrecadação de dinheiro não eram os dízimos, mas sim nas ofertas e nos votos. Então, o dízimo não é o maior pecado, o estelionato está aqui nos votos — alega a mulher que frequentava a igreja.
Os dois entrevistados e outras centenas de fiéis acreditam que esse dinheiro, que deveria ser encaminhado para comprar bens e manter a igreja, tenha sido desviado. Isso porque, como no caso do ônibus, o pastor e a bispa teriam arrecadado um valor maior do que o necessário para a compra dos bens.
Conforme os dois fiéis, os “votos” consistiam em carnês de diferentes valores, chegando a R$ 1 mil. Há relatos de pessoas que chegaram a gastar R$ 500 mil na compra de votos para ajudar a instituição na compra de bens e itens necessários.

Agora, uma vez que ele pede milhões de reais para comprar um ônibus e vai lá e compra um ônibus velho por 200 mil, onde ele colocou o restante do valor? Na casa dele ‘né?’ — suspeita a entrevistada.
A chácara, que também teria sido comprada com os chamados “votos”, foi alvo de uma outra operação policial após animais terem sido encontrados em situação de maus-tratos. O grupo denunciante reivindica que a chácara, então, deve pertencer à igreja e não ao pastor e sua família. Entretanto, eles temem que ela seja vendida.
Segundo os denunciantes, outro ponto que reforça a denúncia seria o fato de que não havia prestação de contas dentro do templo religioso e a direção era composta pelo pastor, a bispa e a família dela, que inclusive está entre os investigados, e por isso a falta de explicação sobre as finanças.
Além disso, os familiares acumulavam bens de luxo como apartamentos em Itapema, casa em um condomínio de luxo em Joinville, carros avaliados em mais de R$ 1 milhão e outros itens. Alguns teriam sido vendidos após a descoberta da traição e uma denúncia pública de desvio de dinheiro durante um culto, que terminou em confusão e até mesmo uma pessoa presa por porte de arma.
Os dois fiéis entrevistados pela reportagem questionam de onde vinha o patrimônio do pastor, que dizia sobre o altar que não recebia salário pelas pregações e que era proprietário de empresas, mas que nunca especificou quais seriam essas companhias. A única instituição que estaria no nome da família, que era conhecida pelos fiéis, era uma companhia de marketing que seria usada para tirar notas fiscais para a igreja, sem a venda de serviços externos. O nome da empresa também é investigado, conforme o Ministério Público.
— Porque se ninguém trabalha, com empregados em casa, roupas todas mandadas lavar em lavanderia, pagar condomínio bem alto, entendeu, de onde está vindo esse dinheiro? — questiona a entrevistada.
Segundo o fiel entrevistado, agora, a comunidade pede celeridade no processo e bloqueio de bens, já que eles temem que os itens sejam vendidos. Inclusive, conforme os fiéis, após a polêmica da traição e a primeira denúncia pública sobre desvio de dinheiro, o carro de luxo no qual o pastor costumava aparecer e dois jet skis já teriam sido vendidos pela família.
O NSC Total entrou em contato com a igreja por meio da bispa. A instituição informou que não irá se manifestar neste momento. A reportagem também tentou encontrar o pastor, mas os números fornecidos estão desligados. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e está sob sigilo.
Fonte NSC https://www.nsctotal.com.br/noticias/igreja-e-past...


Gilmar gamma
06/09/2025
Incrível é o montante que se consegue arrecadar.
Só as grandes empresas conseguem valores tão altos!