‘Matador de aluguel’: supervisora escolar denuncia perseguição de ex-colega em SC
- 19/06/2025
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Caso iniciou quando o professor foi trabalhar na escola onde atuava como supervisora
Alvo de ameaças de morte e falsas intimações, uma supervisora da rede municipal de educação de Joinville, no Norte de Santa Catarina, tem vivido dias de medo e tensão. Desde que atuou como testemunha em um processo administrativo envolvendo um ex-professor, passou a receber mensagens que colocam sua vida em risco.
Entenda o caso
Em uma entrevista exclusiva para a reportagem do portal ND Mais, a vítima, que prefere não se identificar, relatou que o caso iniciou quando este professor foi trabalhar na escola onde atuava como supervisora.
Entretanto, ele apresentava uma série de problemas de comportamento, como posturas inadequadas e falta de ética no local de trabalho.
Como procedimento padrão, a supervisora, no exercício de sua função de avaliar e fazer os apontamentos em relação a sua equipe, passou a fazer os relatórios sobre ele.
“Ele já veio trabalhar conosco com uma série de registros que apontavam comportamentos inadequados. Então, como segue o protocolo, eu fiz os relatórios em relação as condutas dele, tudo com muito cuidado”, conta.
Estes, e outros relatórios que já existiam sobre ele, geraram então um PAD (processo administrativo disciplinar). “Eu e outra funcionária fomos intimadas a testemunhar e acredito que ele deve ter descoberto de alguma forma”, relata.
Em decorrência do processo, o professor que já não era servidor efetivo, teve seu contrato encerrado. Foi então que a situação começou a ficar ainda mais grave.
Mensagens e ameaça de morte
Depois do ocorrido a supervisora começou a receber mensagens de números desconhecidos em seu celular, com ameaças de morte.
A reportagem do portal ND Mais teve acesso aos prints das mensagens. Um deles diz “Boa tarde!!! Aproveite os seus últimos dias de vida, você vai morrer sua va*…”
Com outro número, o remetente se passa por um “matador de aluguel” e a ameaça de morte caso a servidora não livrar o seu “comparsa” da “enrascada que o meteu”.
Em seguida o número encaminha para a servidora um julgamento no qual ele tentou desfazer a sua “demissão”, ou seja, reverter o resultado do PAD, mas foi indeferido.
Além disso, um dos números chegou a encaminhar para ela uma intimação falsa, como se fosse da Polícia Civil, para ela comparecer a uma delegacia prestar esclarecimentos.
Buscas pelo autor da mensagem
Segundo conta Denize Schmauch de Oliveira, advogada da vítima, foi possível rastrear um dos números.
“Em um sistema de busca de números de telefone chamado Credlocaliza, o sistema identificou que um dos números era registrado em nome da mãe dele”, explica.
A professora também possui um processo de calúnia contra ele. A motivação foi uma série de manifestações dele em relação a ela. “Entre essas acusações, ele alegava que ela não ia trabalhar, quando na verdade ela não tem faltas”, relata a advogada.
Conforme relatou a vítima, ele teria também usado a ouvidoria da prefeitura para falar dela.
Medida protetiva
O caso foi levado à tribuna da Câmara de Vereadores de Joinville pela vereadora Vanessa da Rosa (PT), após ser procurada pela servidora que buscava ajuda quanto ao ocorrido.
Através da Procuradoria Especial da Mulher, da Câmara de Vereadores de Joinville, a servidora conseguiu uma medida protetiva contra o homem. Mas ainda se sente assustada com toda a situação.
Segundo a vítima, ela teria também buscado pela Secretaria de Educação do município, mas no momento não se sentiu atendida. Em nota, a Secretaria informou que respeitou as normativas estabelecidas para casos similares, como o decreto que institui o PAD.
“A questão não é só ele em si, mas de onde vem essas ameaças, fico assustada sem saber, me sentindo a mercê da situação”, compartilhou.
Ela faz um apelo sobre a proteção no seu ambiente de trabalho. “Eu quero proteção no trabalho também. Somos intimados a testemunhar nos processos administrativos e nos sentimos vulneráveis”, conta.
Posicionamento da prefeitura
Segundo a Prefeitura de Joinville, ao longo do processo, a supervisora atuou como testemunha e recebeu orientações da Secretaria de Educação para que comunicasse às autoridades competentes sobre as possíveis violações dos seus direitos.
Também ressaltou que compete ao município a análise e sanções administrativas, como foi realizado no caso da exoneração do servidor de suas funções.
“Mesmo assim, a Secretaria de Educação também realizou conversas com a Polícia Civil para alertar quanto as condutas do professor alegadas pela supervisora”, declarou a pasta.