Após caso trágico em SC, veja como identificar crianças vítimas de violência
- 07/05/2025
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Veja como agir e denunciar ao identificar crianças vítimas de violência em Santa Catarina
Na última semana, um caso de morte após suposta violência contra bebê chocou o Litoral Norte de Santa Catarina. A vítima foi José Pietro que, com 1 ano e 4 meses, teria sido espancado, estuprado e torturado. A criança, que morava em Balneário Piçarras, morreu no dia 27 de abril.
Conforme a Polícia Civil, os principais suspeitos são a mãe, 21 anos, e o padastro, 17 anos, que foram, respectivamente, presa e apreendido. O caso é investigado como tortura e o órgão aguarda os laudos da perícia.
Com o destaque do caso na região, o portal ND Mais conversou com a doutora em Psicologia Marina Corbetta Benedet a fim de trazer orientação para a obervação de possíveis casos de violência contra crianças e com identificá-los para, por fim, denunciar.
Não existe ‘perfil de abusador’, diz psicóloga
Primeiramente, a psicóloga chamou atenção para os perigos em traçar um perfil para os abusadores. Ela explica que a criação de esteriótipos, nestes casos, pode colocar a criança ou o adolescente, que é a vítima, em risco.
“Nem sempre é uma pessoa violenta, nem sempre é uma pessoa que tem maus hábitos, nem sempre, pelo contrário, a gente vê que há uma diversidade de pessoas que vão cometer abusos e violências contra crianças e adolescentes”, reforça Marina.
A especialista alerta que dados epidemiológicos apontam que a maioria das pessoas que cometem violência ou abusam de crianças são próximas e do ciclo de convívio, sendo familiares, amigos, ou seja, pessoas de confiança.
Como identificar crianças vítimas de violência
Sobre o comportamento das crianças em situação de violência, seja ela física ou sexual, a psicóloga chama atenção para uma mudança repentina na manei de agir. Este tipo de observação pode constatar diversos problemas, mas os maus-tratos estão entre eles.
“Se você tem uma criança que brinca muito, ela começa a não querer mais brincar tanto. Se você tem uma criança que conseguia sair, fazer suas coisas, brincar, e agora ela fica muito na dependência de alguém para estar ali junto, ficar manhosa, digamos assim, e não era assim, são elementos para a gente ir olhando, observando e acompanhando”, ela explica.
O que fazer após identificar vítima
Marina frisa que, nestas situações, é importante acolher a possível vítima, não para pressioná-la a contar algo, mas mostrar disponibilidade para conversar, orientar e mostrar que ela não está errada.
“Perguntar se tem alguém tocando no corpinho dela, fazendo algo que ela não gosta, que é desagradável. Isso são pontos que a gente pode perguntar. E se a criança abrir, não ficar tentando fazer com que a criança fale mais sobre aquilo, porque o primeiro movimento que a gente tem que ter é o de acolhimento”, complementa a profissional.
Após a criança sinalizar o que está acontecendo, o próximo passo é o encaminhamento para uma escuta especializada, com profissionais, como psicólogos, que não irão pressionar a vítima e, sim, acreditar nela.
Resumidamente, problemas como alteração do sono, dificuldade na alimentação (seja comer pouco ou em excesso), mudanças de personalidade e nas emoções podem ser indicativos e merecem atenção.
Veja orientações do Conselho Tutelar em caso de bebês e crianças menores em possível perigo
O Portal ND Mais também conversou com o conselheiro tutelar de Balneário Piçarras Andy William Nascimento, que fez orientações sobre formas de identificar bebês ou crianças pequenas vítimas de violência doméstica.
A primeira delas, em consonância com a psicóloga, inclui mudanças bruscas de comportamento, podendo incluir agressividade ou comportamentos regressivos, como voltar a urinar na cama ou parar de falar.
Conforme o conselheiro tutelar, também é preciso prestar atenção em lesões físicas não justificadas, como hematomas, queimaduras, fraturas ou cortes, principalmente em locais como costas, nádegas ou região genital.
Sinais de negligência, como má higiene, roupas sujas, fome constante e ausência de cuidados básicos de saúde, também podem ser indicadores, assim como faltas recorrentes em consultas médicas, creche ou escola.
Por fim, o choro frequente ou resistência em voltar para casa, ou ficar próximo de alguma pessoa pode ser sinal de alerta. No caso de bebês, também inclui o atraso no desenvolvimento, falta de ganho de peso, sono agitado, choros inconsoláveis, lesões e repulsa a pessoas.
Crianças vítimas de violência: veja como denunciar abusadores
Andy frisa a importância de denunciar nesses casos como forma de proteção às crianças vítimas de violência em Santa Catarina. A denúncia pode e deve ser feita de forma anônima, pelos canais oficiais:
- Disque 100;
- Delegacia de Polícia ou Delegacia da Mulher e da Criança;
- Conselho Tutelar mais próximo.
Fonte Nd+